Mudanças positivas...

Sete ações simples que ajudam a cultivar uma vida mais saudável e feliz

 Saúde, harmonia, felicidade — há mais razões para praticar Yoga do que estilos para escolher. Mas, ultimamente, talvez você pratique Yoga porque também o ajuda no cotidiano. À medida que aprende a ficar mais consciente, o Yoga se torna um guia muito rico que ensina o que fazer no tempo livre quando não está sobre o mat. Mas nem sempre é fácil acessar essa consciência elevada durante uma prática de Yoga. Uma maneira de encontrar essa conexão é ficar mais atento às escolhas que faz diariamente e como elas podem afetá-lo, à sua comunidade e ao mundo a sua volta. Talvez este ano você queira cuidar melhor do corpo, ajudar o próximo ou reduzir o impacto no planeta. Qualquer que seja sua intenção, quando se fazem mudanças positivas com base na autopercepção, é possível conectar-se com seu eu verdadeiro e entender por que se faz isso.
Para o terapeuta e coach Fábio Novo, a transformação é um processo complexo que envolve muitos níveis ao mesmo tempo. “A roda da mudança gira sem parar e, junto com ela, rodamos nós. Mas, se pararmos para refletir, perceberemos que a maioria das mudanças que fazemos é superfície, mero agito de mentes distraídas que se entretêm com a ilusão do dia-a-dia. Conheço pessoas que mudam tudo o tempo todo, mas nunca transformam nada. Se queremos mudanças verdadeiras e duradouras em nossas vidas, temos de ir além das sete ondinhas e mergulhar com coragem no oceano de nós mesmos. Isso é significado, isso é verdade, mas é também mais trabalho e alguma incerteza. Mudar ou transformar, eis a questão. Mas a decisão, como sempre, é somente nossa”, ressalta.
Talvez você ainda não esteja pronto para uma transformação radical, que implica deixar muitos valores e comportamentos para trás. É morrer e nascer de novo. Portanto, comece com mudanças pequenas, com simples atitudes que poderá incorporar à sua rotina, e deixe as coisas fluírem que as transformações virão naturalmente. Seguem sete atitudes para ajudá-lo a entender a si mesmo, conectar-se com o mundo e viver no Yoga.

1. Mude de perspectiva

Mude radicalmente seu visual, quebre a rotina, pegue um caminho diferente para ir trabalhar, experimente uma comida nova, faça uma aula com um professor com quem você nunca praticou antes. Então perceba como uma simples mudança pode afetar a maneira como você vê as coisas. “Nosso mundo é baseado naquilo que percebemos”, diz Frank Jude Boccio, professor de meditação e autor do livro Mindfulness Yoga (sem tradução no Brasil). “O verso de abertura do Dharmapada — uma antologia de citações atribuída ao Buda — diz: ‘Nós criamos o mundo com nossos pensamentos e nossas percepções’. Isso significa que a única coisa que sabemos sobre o mundo é que estamos vivendo nele como o percebemos”, diz.
Para mostrar quanto suas percepções são mutáveis, Boccio direciona seus alunos a visitarem uma loja e provar um chapéu que eles descreveriam como “não tem nada a ver comigo”, então notam como usá-lo muda a maneira como se sentem. “Mesmo não olhando no espelho, só de saber que o chapéu está na sua cabeça muda a percepção da realidade naquele momento”, afirma. Mudar a perspectiva, fazer uma viagem para outro país ou sentar-se numa mesa diferente em um restaurante pode fazê-lo perceber como suas percepções eram condicionadas. Essa consciência pode enfraquecer o apego às suas percepções e abrir o coração para as mudanças. “Ver o condicionamento da percepção é um aspecto essencial do caminho yóguico da libertação”, completa.


2. Não desperdice


Comprometa-se um dia da semana a não usar produtos descartáveis. Leve sua própria comida para o trabalho em uma vasilha, use guardanapo de pano e leve uma garrafa d’água para a aula de Yoga. Carregue uma sacola ecológica para tudo que comprar, não apenas frutas e verduras. Note o que é obrigado a jogar fora, seja uma embalagem de plástico do sanduíche ou rótulos das garrafas e vidros. Não fique desencorajado se atingir um dia livre de desperdícios pode ser algo mais difícil do que imaginava. Apenas estar consciente sobre aquilo que está descartando provavelmente o conduzirá a outras mudanças que trarão grandes efeitos ao meio ambiente.

“Prestar atenção naquilo que consumimos e descartamos é uma prática de percepção diária”, diz Ari Derfel, professor de Yoga da Califórnia, que conseguiu usar coisas não descartáveis por um ano. Ele descreve o projeto como uma meditação de Yoga, que fez com que ele se tornasse responsável.

3. Restaure saúde e felicidade


Como um antídoto para sua batalha para alcançar o sucesso em tudo que faz (incluindo asana), dedique uma prática por semana a posturas que aquietam, nutrem e o deixam centrado. Comece com uma prática restaurativa sentando-se, quieto, por alguns minutos para conectar sua respiração. Depois, aqueça com um movimento que alonga os músculos, como a postura do gato ou a do bebê feliz. Inclua posturas como supta baddha konasana (postura deitada do ângulo), supta padangustasana (postura deitada segurando o dedo do pé) e viparita karani (postura com as pernas na parede). Termine com um longo savasana (postura do cadáver). Se essa prática parecer desafiante para fazer sozinho, tente uma aula em grupo. Domingo à noite é a melhor hora para essa sequência, que o ajuda a descansar da semana que passou e a começar a próxima revitalizado. Com o tempo, a prática restaurativa aprofundará sua percepção.

4. Experimente o silêncio


Fique alguns momentos em silêncio. O nome dessa arte é Antar Mouna. “É quando a mente entra num estado de aquietamento, de conforto sem conflitos, sem discussões nem argumentações. A mente simplesmente fica quietinha e relaxada, sem necessidade de se justificar”, explica a professora de Yoga Rosana Biondillo, de Guarulhos (SP). Praticar o silêncio também pode ser uma maneira do conservar o prana (energia vital), portanto, ficar em silêncio é essencial. “Pode parecer uma tarefa hercúlea, praticamente impossível de se realizar. Podemos até ficar sem pronunciar palavras ou emitir sons durante um tempo, mas a cabeça, essa não para nunca de tagarelar”, diz Rosana.

Você pode começar ficando sem falar por 10 minutos e depois ir prolongando o tempo até um dia inteiro. No começo, ficar quieto pode deixá-lo agitado, mas simplesmente perceba a necessidade para falar ou absorver a ideia e a palavra de outras pessoas. Aprecie os ruídos dos ambientes, como o canto dos pássaros, o vento nas árvores, o movimento das pessoas, até mesmo o trânsito. Logo você achará a pausa da palavra profundamente tranquilizante. Segundo Rosana, Antar Mouna parece nascer no “descanso” do cérebro e atingir as camadas mentais, em seus vários níveis e profundidades, predispondo-as à manutenção do silêncio. Mas Antar Mouna também, e especialmente, nasce no sentimento do coração, se espalha pelo restante do corpo e chega à mente, de maneira natural, voluntária e sem imposições. “Isso porque, no Yoga, não existe uma divisão explícita entre corpo e mente, mas tão-somente a possibilidade de se vivenciar e sentir a fluidez entre um e outro”, completa.

5. Seja criativo


Faça um pão, tricote um cachecol, costure uma saia, aprenda a tecer ou pinte um quadro. Criar algo pode ser uma maneira de enriquecer o mundo, mas fazer alguma coisa com as próprias mãos pode ser uma forma de meditação ativa, uma oportunidade de fazer uma pausa nos pensamentos conscientes e conectar-se com o lado criativo. Eleonora Perez, terapeuta transpessoal e coordenadora da Oficina Tramas do Ser, usa o tear como uma maneira de aumentar a autoestima e promover o autoconhecimento. “Ao ver o resultado de um trabalho de tear manual, as conexões internas ligadas à nossa atividade criativa percebem o tecido como uma urdidura do amor e a trama, uma luz de criatividade. A tecelagem artesanal faz essa ponte com nosso ser, demonstrando como a liberdade e a beleza podem transformar-se em autoestima ao criar algo que só fazemos estando inteiros e conectados a nós mesmos. Cada um de nós é, na realidade, um ser perfeito, tecido em fios criativos, refletindo um plano perfeito dentro de uma totalidade que transcende a nossa compreensão. A tecelagem artesanal dá o impulso e torna visível o mundo criativo de cada um”, explica.

6. Faça uma oferenda


Comprometa-se a fazer um ato desinteressado toda semana. Você se surpreenderá como a simples ação de ajudar uma pessoa com necessidades especiais a atravessar a rua pode cultivar o senso de conexão, respeito e bem-estar em relação aos outros. Traga um lanche para um colega ocupado; cuide do filho de uma amiga por uma tarde; dedique-se a trabalhos comunitários. Esses momentos são a chance de compartilhar com alguém experiências do mundo e perceber a riqueza da sua própria existência. “Todo Yoga começa com Karma Yoga, que é ação doada como serviço para os outros e uma forma de cultuar o divino”, escreve David Frawley em Yoga: Great Tradition (sem tradução no Brasil).

7. Ame seu corpo
Pelo menos uma vez por semana dê ao seu corpo um tratamento ayurvédico de saúde e beleza. Sais terapêuticos são nutritivos e aumentam a imunidade, estimulando o movimento da linfa e do sangue. Anna Batdorff, do Centro de Ciências da Saúde em Sebastopol, na Califórnia, sugere misturar em partes iguais sal marinho e óleo de girassol, que são bons para todos os doshas. Adicione algumas gotas de óleo de toranja — é bom ter um aroma porque ajuda a mover a linfa. Aplique a mistura na pele, começando nos pés em direção ao coração. Esfolie cada parte até a pele ficar vermelha, um indicador de que o sangue está se movendo. Encha a banheira com água morna para tirar o excesso ou um enxágue-se na ducha. Massageie a pele seca com um óleo apropriado. Tratar do corpo com amor e compaixão em uma rotina de cuidados é uma boa maneira de experimentar gratidão por seu corpo e tudo que ele lhe permite fazer.

(Fonte: Charity Ferreira, editora sênior da Yoga Journa)

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